Enfim, resolvi vir aqui para contar um pouco de como tem
sido nossa vida por enquanto. Eu e minha irmã estamos reaprendendo á viver. É
até engraçado porque somos quase casadas. Eu cuido da casa, faço comida, vou ao
supermercado e minha irmã cuida das coisas burocráticas das quais eu não quero
participar. Quem diria que os domingos que passei observando minha mãe
inspiradíssima na cozinha viriam á calhar agora, junto com o livro de receitas
que nós estávamos fazendo. Caçoava tanto ela que acabei pegando essas
inspirações loucas dela pra mim!
Claro, até agora não posso dizer que fiz grandes coisas. Não
passei do básico. Arroz, strogonoff, creme de milho, frango.... Coisas fáceis
que minha mãe sempre fazia e eu por tabela acabei aprendendo a fazer, eu chego
lá!
Ainda é estranho para nós duas. É estranho chegar tarde e
não termos nossa mãe para avisar que chegamos. É estranho deixar de fazer
coisas que eram da nossa rotina como ligar para ela pra saber como estava o
dia, e avisar aonde estávamos. Ás vezes até me pego segurando o celular para
ligar pra minha mãe. Sei que uma hora isso passa, sei que uma hora vamos nos
acostumar.
Ter liberdade e ter apenas minha consciência e princípios
para me impor limites é muito estranho. É bom, mas ao mesmo tempo é como se eu
me visse “jogada” no mundo. Sei que tenho minha irmã para me proteger, meu pai
e minha família toda. O fato é que não tenho mais aquela asa materna para me
esconder quando preciso, aquele conselho que era quase um oráculo, a solução de
tudo.
Diante disso, converso bastante com a minha irmã e ela me
diz que ás vezes ainda sente a mamãe. Fico feliz de saber isso. Sou bem menos
religiosa agora do que era antes (não me culpem, tenho o direito) e fico feliz
que alguma coisa ainda consiga passar por cima desse meu semi-ateísmo recente e
revoltado, fico feliz que ainda consigo acreditar pelo menos, que minha mãe
está com a gente. Acreditem ou não, não gosto de ter ficado assim e espero poder voltar a ter fé, coisa que minha mãe desde que éramos pequenas, introduziu tando na nossa formação.
Eu não falo muito, mas também sinto minha mãe comigo. É engraçado
porque em muitas situações escuto a voz dela na minha cabeça falando exatamente
o que ela falaria se estivesse aqui. Ouvi a voz dela quando fui no supermercado
pela primeira vez sem saber quase nada, qual marca comprar ou até o que
comprar. Sinto a mão dela segurando a minha na hora de dormir, quando agarro o
anel dela no meu colar. Escuto minha mãe rindo de mim aprendendo as manhas na
cozinha, derrubando panelas e deixando as coisas queimarem, ela deve estar se
divertindo com a gente nessa vida nova! Desperate Housewives da vida real.
Admito que alguns dias tem sido mais difíceis. Tem dias que
eu me sinto vazia, sem vontade alguma de me levantar. O fato de meu aniversário estar chegando também não ajuda em muita coisa. A grande realidade, e vou
repetir isso diversas vezes até grudar na MINHA cabeça, é que preciso pensar
que minha mãe está bem. É tudo o que nós queríamos. Não posso deixar meu
egoísmo me dominar, me apegar tanto ao físico. Não vejo minha mãe mas ainda
escuto sua voz, sinto seu toque e a vejo em mim e na minha irmã. Quero ter
novamente a alegria nos meus olhos que minha mãe pediu. Preciso começar a
praticar isso, que é quase tão difícil quanto dar os primeiros passos, mas sei
que eventualmente vou conseguir.
Minha irmã me ajuda bastante. Não sei porque
mas não consigo chorar perto alguém que não seja ela, apesar de sentir vontade o dia inteiro. Ela conversa comigo, fica comigo nos dias em que estou pior e faz de
tudo para me agradar. Segura minha mão com a mesma força que segurou no dia do
velório antes de eu entrar naquela sala. Me dá toda a segurança do mundo, a
segurança que minha mãe me dava. Sei que ela está sofrendo, e me deixa muito triste que eu não consiga ajudá-la, mas estamos nos levantando pouco a pouco.
Já falei pra Sté, não vou desaprender a ser filha, não
consigo suportar a idéia de ser completamente livre, me sinto meio desamparada,então
satisfação pra alguém eu preciso dar! E essa pessoa vai ser ela! Vai fazer jus ao papel de irmã mais velha mais do que já está fazendo.
Estamos nos virando, afinal já dizia a minha mãe: É o que
temos pro momento.
nao tenho outra palavra pra descrever o que eu sinto quando leio seus textos! vc eh meu maior orgulho! minha lição de vida! aprendi muitas coisas com voce nesse blog e nas nossas conversas!! vc fala pra mim im glad u came, mas nao teria pessoa melhor pra aparecer na minha vida e me ensinar tantas coisas importantes sobre ela em tao pouco tempo! te amo migs <3
ResponderExcluirJessica, mais uma vez me emociono com vcs, não tem como não rolar lágrimas,tudo é muito triste e lindo ao mesmo tempo, tudo é muito forte e um grande aprendizado para todos nós. Eu aprendi muiiito com a sua mãe e agora estou aprendendo com vcs. Vcs são muito especiais e guerreiras!!! Não tenho dúvidas que sua mãe está presente em cada momento do dia de vcs e que a estrela Lela está brilhando cada ves mais com o imenso orgulho e alegria que ela está sentindo. Contem comigo sempre!!!
ResponderExcluirmilhões de bjos
Eu posso conhecer vocês? apesar de minha covardia em não ter ido ver sua mãe, falamos pelo telefone e ela entendeu...sou a Valerinha amiga dela da facul de psicologia e peço desculpas á vcs pela minha ausencia. Amo sua mãe e sei que ela já esta melhorando o mundo, o planeta.
ResponderExcluirPreciso e quero muito conhece-las...já as admiro pelo que tenho lido.
Vou deixar meus tel e quando sentirem vontade, me liguem.
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Vocês não estão sózinhas.
Bjs...